quinta-feira, agosto 21, 2008
Na Caminha...
O atleta olímpico Marco Fortes foi convidado a vir mais cedo para casa após a sua eliminação nos Jogos Olímpicos. A causa deste convite não foi a eliminação (já que nesta edição é o prato do dia para os atletas portugueses, à excepção de Vanessa Fernandes). Este convite foi motivado pelas declarações proferidas aquando da falha no apuramento (marca de 18m no lançamento do peso, 2 lançamentos nulos), em que entre outras coisas que podem ser classificadas como "barbaridades" no chorrilho de desculpas dadas, disse que não se tinha adaptado ao horário da prova, sendo que "de manhã só é bom é na caminha"... Se por um lado uns defendem que uma piada falhada num momento de frustração não deveria fazer deste homem o alvo de críticas (para mim seria mais chacota), por outro lado temos de pensar que cada um de nós está, no próprio dia-a-dia, sujeito aos olhares e à aprovação ou reprovação dos outros. Todos nós temos momentos chave na vida em que não podemos falhar. Se o momento chave deste atleta era, pelo menos naquela altura, o apuramento, então os comentários que viria a proferir posteriormente seriam tão ou mais importantes que isso, uma vez que estava sob o olhar do mundo inteiro. Se tinha a capacidade de raciocínio toldada, então mais valia não fazer qualquer comentário. Concordo com as atitudes reprovatórias que o comité olímpico tem levado a cabo, porque nesta edição em que os atletas portugueses tiveram finalmente algumas condições (mesmo financeiras) durante os anos anteriores para a prática das suas modalidades, no momento em que as expectativas estavam mais altas, o stress fez ceder praticamente todos os participantes. Se já não existe espaço para forças da natureza como o Carlos Lopes, que comeu um cozido na noite anterior a ganhar o ouro, existe no entanto um rigor e um nível de exigência que não se compadece com quebras anímicas e com a pressão psicológica. Apesar de tudo, aqui expresso a minha solidariedade para todos aqueles que após anos de trabalho, não conseguiram realizar (para já) os seus sonhos.
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