segunda-feira, outubro 16, 2006
Termos Técnicos
Após mais uma ausência de uns dias pelo facto de andar "atascado" de trabalho, entre outras coisas, aqui volto eu. E nada melhor que umas pérolas da língua portuguesa para servirem de inspiração a umas linhas de escrita bloguista para descontrair. O motivo de hoje é uma daquelas expressões que se ouvem frequentemente, sobretudo em reportagens televisivas. Mais concretamente, quando em casos de acidentes o repórter se quer referir a alguém que morreu (ou faleceu), diz "chegou cadáver". Isto parece um bocado mórbido, mas se pensarmos um pouco em torno do assunto até consegue ter alguma piada... pensem nas possibilidades e potencial de um verbo associado a esta situação: "cadaverizou". Exemplo: "ah e tal... o gajo saiu à rua, um jipe passou-lhe por cima e ele cadaverizou" (este é um mau exemplo porque também é classificado como a doença da "jipose"). E a conjugação? Espectáculo! Eu cadaverizo, tu cadaverizas, ele cadaveriza, nós cadaverizamos, vós cadaverizais, eles cadaverizam. Então e outra ainda melhor e muito na "berra" actualmente: "interrupção voluntária da gravidez". Uma vez que esta expressão designa algo de proibído no nosso país, que tal chamar-lhe outra coisa diferente? "Cadaverização de potencial futuro rebento". Hoje em dia existe muita gente a deslocar-se a Espanha para fazer uma cadaverização destas... Alguém que um dia utilize os "termos técnicos" utilizados pelos senhores repórteres como fonte de inspiração, consegue escrever um novo dicionário da língua portuguesa com aproximadamente 50 volumes. Enfim... vou aproveitar o facto de agora poder descansar um pouco e vou ali "visualizar imagens produzidas por um canhão/tubo de raios catódicos" para ver se aprendo mais qualquer coisa.
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7 comentários:
Bom, bom, mas mesmo bom era cadaverizar alguns dos reporteres que andam por esse país fora a fazer perguntas do género: "Agora que a sua casa ardeu com a sua vida lá dentro, perdeu tudo?" ou ainda a famosa "Morreu toda a sua família neste acidente. Como se sente?"
Espero que nunca tenham de me perguntar isso, mas acho que era homem para desatar ao murro e ao pontapé ao reporter...
Fizeste-me lembrar um escritor que cria esse tipo de palavras na sua escrita: Mia Couto: A partir do conceito da palavra ele "desconstroi-a" "reconstruindo-a" numa nova palavra, que não sendo a original é perfeitamente perceptível. São as virtualidades de uma língua viva. É claro que, por vezes, o que os nossos repórteres fazem é tentar criar alguma diferença, que no momento e na emoção de uma reportagem ao vivo e eventualmente em directo, pode não resultar muito bem. Pior são os atropelos e as calinadas à gramática e à língua, nomeadamente as concordâncias entre sujeitos, predicados e complementos, muitas vezes tomando o complemento pelo sujeito e vice-versa. E depois ainda o "concesteza" em vez de concerteza e outras semelhantes.
Anonymous, gostei muito do teu comentário, achei bastante construtivo. Já tinha tido a curiosidade de ler Mia Couto. Acho que vai ser o próximo livro nas minhas mãos. :)
P.S.: Desculpa o reparo, mas escreve-se "com certeza" e não "concerteza" pois é uma locução adverbial e não uma palavra só...
lol faz lembrar um caixao hi-tech!!!! lol para nao ficar aborrecido qd ....morrer!!!lol custa a dizer lol!!!
Bem, fiquei cadaverizado só em pensar nos tais 50 volumes que estão na forja! Se com os que há, é o que é, imagina com mais 50?
Saudações infernais!
São chamadas as pérolas da comunicação social...eheh
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