domingo, março 08, 2020

Coronavirus e o Apocalipse Zombie

Ora bem... dois meses depois de ter sido reportado o primeiro caso de Coronavirus ou COVID-19 ou o que lhe queiram chamar, na China... depois de percorrido um longo caminho por vários países... finalmente o vírus chegou a Portugal. Chegou a pensar-se que podia ser bicho que não pegasse por cá, dada a propensão da malta para a copofonia. Diziam os mais otimistas que um bagacinho pela manhã era coisa para tornar literal a expressão "mata bicho", e que por isso não tinham receio. Chegámos a ter portugueses infetados lá fora, e estrangeiros infetados cá dentro, sem que houvesse relatos de portugueses infetados em Portugal.


Até que por fim se concretizou, para gáudio de toda a comunidade jornalística, que ansiava pela oportunidade de noticiar o primeiro caso suspeito que efetivamente daria positivo. Há quem diga que na CM TV se celebrou nesse dia. Pudemos finalmente riscar a banalidade que se tinha tornado a notícia de mais um caso suspeito que se revelaria negativo, para atingir igual banalidade ao noticiar mais um caso positivo. A comunidade jornalística aguarda agora com ansiedade a oportunidade de passar da banalidade dos casos positivos para a notícia das mortes pelo vírus, até que a mesma se torne igualmente banal. Pode ainda ir-se intercalando com notícias sobre o colapso económico dos países graças ao vírus... ou também notícias caso a caso de pessoas que ficam a trabalhar em casa... ou também notícias de escassez de máscaras e gel desinfetante, ou até produtos alimentares nos supermercados, em virtude dos cidadãos mais "cautelosos" e que se preparam para o apocalipse zombie (à semelhança do que aconteceu na crise dos combustíveis, que não teria chegado a ser se não fosse noticiada da mesma forma histérica). Em resumo, ainda bem que existe o Coronavirus, caso contrário teria que se despender muito mais tempo à procura de notícias a sério, sobre problemas reais do país, eventualmente em relação aos quais até se poderia fazer qualquer coisa, já que em relação ao vírus, e infelizmente, há-de provavelmente tocar-nos ou a alguém que nos seja próximo, sem que nada consigamos fazer em relação a isso.

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