quarta-feira, janeiro 02, 2019

Resoluções

E assim terminou mais um ano, e com este "alcançar de meta", as pessoas invariavelmente tendem a fazer o chamado "balanço" e "medir" se a coisa correu bem ou mal nos decorridos 365 dias. Se por um lado sou apologista da existência destes marcos e das reflexões que os mesmos proporcionam (sem eles, algumas pessoas nunca dedicariam 5 minutos que fosse a pensar na vida e na forma como encaram as coisas), por outro acho que podem também ser indevidamente utilizados (ou como motivo para depressão, ou como ferramenta de procrastinação). Passo a elaborar.

Quando o ano chega ao fim, mesmo aquelas pessoas que são pouco introspetivas ou filosóficas tendem a dedicar algum tempo a ver a "big picture" do que fizeram ou lhes aconteceu no ano transato. Pensam nos feitos que alcançaram como uma mudança de casa ou trabalho, nos motivos de orgulho e felicidade como o nascimento de um filho ou terem conseguido correr uma maratona, ou nos motivos de tristeza como um divórcio ou a perda de um familiar. Pensar, no geral, é bom. Pensar sobre aquilo que é a nossa vida, o que fizemos bem e menos bem, é melhor, porque nos permite crescer e evoluir, e no limite (se formos capazes) fazer as coisas de maneira diferente no futuro.

Os problemas acontecem quando, em resultado da retrospetiva de fim de ano, nos apercebemos que temos pouco com que nos contentar. Isto pode acontecer por dois motivos: porque somos insatisfeitos e pessimistas por natureza e só somos capazes de ver o copo meio vazio em vez de meio cheio, ou porque já estamos deprimidos e efetivamente tudo o que fizemos e vamos fazer daí para a frente vai sempre resultar numa perceção negativa da realidade. A solução é mais fácil de identificar do que aplicar, mas passa por contrariar esta tendência negativista e forçarmo-nos a pensar nas coisa boas que nos aconteceram (sim, elas acontecem sempre, nós é que podemos não ser capazes de as identificar, se não estivermos à procura delas - no limite estar vivo pode ser o derradeiro motivo de satisfação).

Por fim, o problema da procrastinação. Se ao mesmo tempo que uma data limite como é a de fim de ano nos leva a atuar, nem que seja ao nível do pensamento, proporcionando assim o efeito de agente da mudança, por outro lado esta data é também um motivo para adiar aquilo que por vezes não se pretende sequer começar. Este é um dos motivos de grande parte das "resoluções de ano novo" falharem, porque na realidade não são um objetivo pelo qual estejamos dispostos a lutar. Se queremos realmente fazer ou alcançar algo, não esperamos por uma data para começar a lutar por isso. Começamos JÁ… AGORA… e não esperamos pelo dia em que vamos iniciar uma dieta ou deixar de fumar. Ainda assim, este será o efeito menos maléfico de todos, já que a começar algo, mais vale tarde que nunca.

Falando agora por mim, aquilo que eu mais desejo para este ano, é o mesmo que desejei nos últimos anos: conseguir a cada dia que passa tornar-me uma versão melhor de mim próprio. Ter a clareza de espírito para, perante cada cruzamento que a estrada da vida me apresenta, conseguir escolher o caminho certo. E se não houver caminho certo a escolher, ter pelo menos a coragem de optar por um deles e continuar a caminhar. Acredito que se conseguir tornar esta filosofia uma realidade, tudo o resto correrá bem por arrasto.

Feliz 2019 para todos!

1 comentário:

mãe disse...

Feliz 2019.
E sim, acredito em ti e nas tuas resoluções e escolhas de vida.
Vai tudo correr bem.
Beijinhos da mãe