quinta-feira, abril 10, 2014

Porque é Que Ninguém Gosta do Seu Trabalho?

Há uns dias atrás resolvi quebrar a rotina habitual, típica de um dia de semana, aproveitar o sol e ir almoçar junto ao rio num ambiente agradável e com boa conversa a acompanhar. Um dos temas que surgiu foi a infelicidade generalizada que as pessoas expressam relativamente ao seu emprego, trabalho, o que lhe quiserem chamar. A pessoa com quem almocei tem um estilo de vida diferente do da maioria das pessoas e, actualmente de férias em Portugal, comentou comigo que eu fui das poucas pessoas com quem esteve durante este período e que não demonstrou sentir-se miseravelmente. Não sendo melhor nem pior que ninguém, confirmo que me sinto bem com a minha vida. É certo que profissionalmente ambiciono algo mais e talvez até diferente, mas se assim não fosse é que seria preocupante. Para já, sinto-me bem, e embora grande parte das pessoas que estejam a ler este texto possam estar nesta altura a pensar que eu sou um sortudo, acredito que neste sentido não dependo nem dependi apenas da sorte. Não quero também dizer que sou um trabalhador ou empregado mais ou menos esforçado que o meu próximo. Simplesmente penso que a forma como nos sentimos em relação ao nosso trabalho depende de vários factores, sendo um deles (e talvez o mais importante) a forma como encaramos as nossas tarefas, as nossas obrigações, o nosso dia-a-dia. Se pensarmos que passamos a maior parte do tempo que estamos acordados a trabalhar, e se durante esse período nos sentimos miseráveis, estamos então a assumir que grande parte da nossa vida é miserável. Independentemente do mais ou menos difícil que seja executar uma tarefa, conviver com um patrão ou colega que não gosta de nós ou passar por qualquer outra dificuldade semelhante, coloco apenas a pergunta: e se de manhã ao acordar simplesmente tentarmos fazer o exercício de sorrir? Se quando o tal patrão ou colega que não gosta de nós for desagradável, nós respondermos com um sorriso? Se em última instância, eu executar o meu trabalho de forma a que ele seja menos difícil de levar a cabo? A solução não tem necessariamente de passar por encontrar outro trabalho, até porque eventualmente, mais tarde ou mais cedo, iremos desenvolver o mesmo tipo de sentimento de insatisfação. Há bem pouco tempo li uma frase interessante que dizia algo do género: os pessimistas vivem tanto tempo quanto os optimistas, mas os optimistas vivem melhor. E é verdade. Por algum motivo o LinkedIn (rede social de âmbito profissional) está pejado de personagens "influenciadoras" que publicam diariamente dezenas de artigos sobre como viver melhor no trabalho, sobre como fazer melhor o seu trabalho, como deixar o trabalho se necessário for e como procurar trabalho. Engraçado que uma rede social directamente relacionada com trabalho, tenha um foco tão grande em simples técnicas de sobrevivência... No ano passado mudei de emprego por opção e não por obrigação. Não estava satisfeito, mas acredito que se a minha opção tivesse sido a de não mudar (já aconteceu anteriormente), neste momento teria sobrevivido e estaria simplesmente focado nas coisas que faziam do meu anterior emprego algo positivo em vez de negativo. Acredito que este tipo de factores positivos existem sempre, nós é que nem sempre temos a capacidade de os identificar, mesmo que estejam ali à nossa frente.

8 comentários:

Gonçalo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gonçalo disse...
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Gonçalo disse...

...já por natureza o ser humano é um ser insatisfeito e depois se lhe adicionares ainda o "nosso fado" tens um Tuga típico. Para além da atitude positiva que tu bem referiste, adiciono um infográfico com pequenas dicas diárias para melhorar o "ambiente" no trabalho: 44 Simple Daily Activities To Enjoy Your Work

Gonçalo disse...

[à parte] amigo, isto de escrever HTML numa caixinha tão pequena não é fácil!desculpa os dois primeiros comentários eliminados - foi por tentativa e erro :)

Marco disse...

gonçalo: gosto do gráfico... é pena que para "vencer" neste jogo de pontos, pouco tempo restaria para trabalhar ;) Abraço, amigo!

ACCM disse...

E se quando o tal patrão ou colega que não gosta de nós for desagradável, nós respondermos com um sorriso e ele achar que nós o estamos a gozar?...
A verdade é que a maior parte das pessoas, por uma questão de sobrevivência, sujeita-se a trabalhar em algo que não o realiza, que é um frete... só para chegar ao fim do mês e ter dinheiro para o essencial. Vê-se até ao nível dos jovens que têm determinados sonhos, tiram um curso a pensar nesse objectivo e depois não há mercado para essa actividade...
No fundo o que recomendas àqueles que não têm a "sorte" de trabalhar na sua actividade de eleição, é que se resignem com cara alegre, uma vez que o que não tem remédio remediado está! É certo que se pode sempre procurar factores posistivos, nem que seja pensando naqueles (muitos) que gostariam de trabalhar e não podem, porque não conseguem trabalho, pelos mais variados motivos, tais como idade, género e estado, formação académica, obrigatoriedade de deslocalização e por aí diante.
No teu caso, desde que me lembro do que querias ser quando fosses grande, nunca tiveste dúvidas, nunca puseste alternativas, seguiste sempre apontando ao teu objectivo. A verdade é que a tua qualidade quer pessoal, quer profissional permitiu não te veres "obrigado" ou "necessitado" a teres de desviar o rumo e, terás a consciência que essa qualidade é verdadeiramente elevada, para teres conseguido chegar onde estás sem recorrer a "padrinhos" como aconteceu a tantos outros, alguns dos quais até se atravessaram no teu caminho...
Nos tempos que correm, ao contrário do que acontecia há alguns anos atrás, tem que se trazer os desaforos para casa, tem que se engolir sapos vivos e considerar que é uma iguaria "gourmet". Aqui está um exemplo de sentimento positivo - isto tem a ver com algo que vi e de que ouvi falar ontem na TV: DOPAMINA; o produto químico que negocia o prazer no cérebro...
Beijinhos
Pai

Marco disse...

pai: Diria que não leste o meu texto com atenção. A "resignação" é o extremo oposto do que eu recomendo, que mais concretamente é a "acção". A acção inerente à força da nossa mente, à força interior que todos devemos lutar para ter e manter, e que nos ajuda a contrariar o princípio de que estamos cá para sobreviver em vez de viver, e que o nosso destino é algo que está completamente fora do nosso controlo. Também já sabia que eu próprio seria considerado um "sortudo" ao escrever este texto. Quando a sapos vivos, apesar de por vezes em certas situações ter optado pelo silêncio, considero que ainda não engoli nenhum. Mas sei que há muito tempo que tens uma opinião oposta à minha, e compreendendo em parte o porquê, não entrarei nesse debate porque no final ninguém iria mudar de opinião. Tal como escrevi no post, "os pessimistas vivem tanto tempo quanto os optimistas, mas os optimistas vivem melhor".

Mãe disse...

Muitas vezes te disse já (a brincar)que quando fosse grande queria ser como tu.
Gostava muito de conseguir ter a tua força e positividade.
Já falamos muitas vezes sobre isto e muitas vezes também me ajudaste a ultrapassar algumas das minhas crises de negativismo. Por tudo isso muito obrigado meu filho e também por seres como és.
Quanto a haver quem pense que és um sortudo. O que tens não tem nada a ver com sorte mas sim com valores muito fortes que tens não só pessoais como profissionais. Não deves nada a ninguém, só a ti mesmo e ao grande ser humano que és.
Beijinho grande da mãe