quarta-feira, maio 22, 2013

Mau Tempo, Bons Resultados

Já diz o ditado que Deus escreve direito por linhas tortas, e que quando se fecha uma porta muitas vezes abre-se uma janela. Acho que qualquer uma das máximas anteriores se aplica ao volátil clima que temos vivido nos últimos tempos. Isto porque apesar de o balanço global de estar a chover em pleno mês de Maio ser obviamente mau, para não dizer uma grande merda, há pequenas coisas boas que resultam daí e que devem ser apreciadas pelos mais optimistas. Num destes exercícios de optimismo, acabei por me sentir grato, porque havia já algo que me incomodava há vários dias, cujo fim se deu graças a uma bela de uma chuvada. Refiro-me a uma "novela" com vários episódios, em que um vizinho brincalhão qualquer resolveu fazer do meu carro o seu livro em branco, para escrever a sua história. Novela é um nome exagerado, porque na realidade tudo se passou em três dias, o que corresponde no máximo a uma mini série. Aqui fica o relato:

1º Episódio:
O vizinho brincalhão dirige-se à viatura deste vosso incauto amigo, partindo de imediato para a agressão verbal: "Porco!". Ora se o carro poderia não estar nos seus melhores dias no que diz respeito ao resplendor da sua pintura metalizada, o properietário reserva-se o direito de ainda assim tomar banho, e não ser portanto enquadrável na classa da família animal dos bacorinhos, o que revela uma falta de rigor e até trabalho de investigação, na escrita do autor.

2º Episódio:
Não satisfeito com a agressão verbal inicial ("Porco!"), o autor revela-se agora egocêntrico e intolerante, redigindo uma segunda missiva onde claramente reclama das suas condições de trabalho: "Tenho os dedos sujos!". Não seria no entanto de esperar que o alvo da agressão inicial (eu) se importasse com quaisquer condições de trabalho, ou falta delas, para um autor tão pouco profissional e que de dia para dia revela uma faceta pessoal que muito deixa a desejar.

3º Episódio:
Nesta sua terceira e última missiva, o autor revela já alguma ansiedade, devido à falta de retorno quanto à escrita anterior: "Vê a parte de trás do carro!", suplica ele na superfície do capô, numa última tentativa desesperada de obter qualquer tipo de reacção da parte do proprietário da viatura, alvo de tamanha chacota e falta de respeito (eu). Mantive-me sereno e tentei antecipar se a próxima missiva seria na lateral esquerda ou direita, já que começava a faltar espaço livre para textos adicionais.

4º Episódio:
Numa reviravolta inesperada, choveu. Terminou assim uma mini série que se estava a transformar num filme de terror para mim, que já dificilmente suportava o suspense quanto ao que me esperaria no meu próprio automóvel, no dia seguinte. Estava até a pensar desfazer-me da viatura, tendo observado com algum interesse uma outra publicação literária (sim, eu sei que o meu carro parece a Bertrand...) que entretanto me foi deixada no limpa pára brisas, sugerindo fazer negócio com alguém que desconfio (não sei bem explicar porquê) ser de raça cigana...

Obrigado São Pedro!

2 comentários:

ACCM disse...

Enquanto a escrita é com o dedo, menos mal, o pior é quando usam uma chave ou um prego...
Beijinhos
Pai

mcaa disse...

Só mesmo o meu filhote para levar isto tudo para esta brincadeira. Podes acreditar que depois do dia de trampa que tive, só mesmo tu para me fazeres soltar umas gargalhadas.
Beijinhos
Mãe