Pela primeira vez, quisemos festejar contigo o teu aniversário e tu não estavas lá. Pela primeira vez tivemos que nos lembrar de ti em vez de podermos olhar para ti. Pela primeira vez o teu filho mais velho, ele próprio aniversariante, teve de celebrar o dia acompanhado por uma dor partilhada com todos nós, pela tua ausência. Pela primeira vez os teus filhos, netos e bisnetos não te puderam dar um beijinho no rosto e desejar os parabéns, no corrupio matinal para te dar os bons dias. Pela primeira vez a tua filha e a tua nora não te pediram as indicações da praxe, que tu tanto gostavas de dar, na preparação dos almoços e dos jantares no meio da azáfama constante da família. Pela primeira vez não sorriste à mesa com uma qualquer palermice das muitas que ali se dizem. Pela primeira vez, o teu marido não se levantou da cabeceira da mesa, para a atravessar no seu passo lento e te dar um beijo nos lábios, como fazia religiosamente nos últimos anos após cantarmos os parabéns. Pela primeira vez não te pudemos tirar da tua própria nostalgia enquanto pensavas se este seria o último ano em que ali estaríamos todos a celebrar. Pela primeira vez, despedi-me de ti sem te passar as mãos no rosto e nos cabelos. Pela primeira vez, no regresso a casa percorri quilómetros e quilómetros com lágrimas no rosto por não ter tido a oportunidade de te assegurar que esta primeira vez estaria ainda longe de chegar. Pela primeira vez eu estava errado, e tu estavas certa. Foi a primeira vez que tudo isto aconteceu, mas tenho a certeza que não foi a última, porque a tua ausência não se consegue sobrepor à tua presença, e por isso tenho a certeza que estarás sempre connosco, ali ou em qualquer outro lugar. Tenho a certeza que me continuarei a lembrar de todas estas e muitas outras coisas à volta de ti, daquilo que eras e daquilo que fazias por nós e connosco. Tenho a certeza que continuarei a sentir este amor e esta falta de ti, até ao dia em que me juntarei a ti e já não será necessário sentir esta saudade. Um beijinho muito grande de parabéns, para ti, minha querida Avozinha!
2 comentários:
Meu querido filho. Outro dia talvez consiga comentar alguma coisa. Hoje não.
Beijinho da tua mãe.
Penso ter entendido o "apagão" do teu avô e meu pai, no domingo em Pescanseco e no dia do aniversário de casamento do avô e da avó (65 anos) quando me disse hoje, com lágrimas nos olhos, que estava a olhar para a nossa mesa e a ver toda a sua família de quem ele gosta tanto e que pela primeira vez a companheira dele de uma vida, não estava presente e ele a querer falar, dizer alguma coisa em memória dela e da falta que todos sentimos da sua presença e não conseguiu dizer nada.
Doi muito a sua ausência. Exactamente como dizes, quantas vezes eu continuo a pensar que tenho que lhe ligar,falar com ela, pedir ajuda. Os cuidados e preocupações que ela tinha com tudo e com todos nós. Que falta que ela nos faz.
Minha querida mãe. Até qualquer dia.
Obrigado filho, por tudo aquilo que és. Um ser humano incrível. Beijinho da tua mãe
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