sexta-feira, setembro 15, 2023

Viagem Alternativa pelas Serras do Centro - Dia #1

Dia #1 – Se a vida te dá limões, faz uma limonada…

Depois de algum tempo a planear em grupo uma viagem mais alargada, que obrigava a disponibilidade de alguns dias de férias e cuja rota já estava traçada com alojamentos marcados e tudo, eis senão quando as previsões de tempo mais negativas se confirmam junto à data prevista e nos obrigam a improvisar um pouco…

Havendo ainda a probabilidade de o mau tempo se manifestar, optámos por rumar mais ao centro em vez de ao sul, mantendo a ideia de rolar entre Portugal e Espanha, numa rota mais curtinha em distância e duração (apenas 3 dias em vez de 5) por locais familiares. Assim, se algo corresse menos de feição climatericamente, também o regresso antecipado seria mais fácil.

Tecidas estas considerações, traçou-se um novo percurso no mapa e fizeram-se as devidas reservas de alojamento. E toca a albardar as burras que era tempo de aproveitar aquilo que o S. Pedro permitisse e que 3 diazinhos na estrada nos pudessem oferecer. Este seria o primeiro, ainda que apenas pelo nosso “quintal”.



A partida foi na quarta-feira, dia 13. Eu, o Sat_on_fire e o Velasquez (a.k.a. núcleo “motorradiano” composto por duas “manas” R1200RS e uma S1000XR) seguiríamos de Lisboa, com ponto de encontro na estação de serviço de Aveiras. O Bosco (a.k.a. núcleo “avariliano” unipessoal com a sua RS660) viria do Porto, juntando-se a nós na Sertã. Saímos cedinho para aproveitar bem o dia e uma vez feita a primeira hidratação à base de cevada, acompanhada por uns rissóis de leitão, por volta das 10h já estávamos juntos e prontos a seguir viagem.



Saindo da Sertã, o percurso seria já bem conhecido de todos. Rumo a Oleiros, passando pelo Estreito e com paragem no Orvalho. O sol brilhava e claramente neste dia não S. Pedro não nos daria qualquer preocupação a ter com o mau tempo. Chegados a Orvalho, o calor até já se fazia sentir e bem, mas para mal dos nossos pecados o restaurante Pérola do Orvalho estava fechado e nas bombas não se vendiam minis. Não deixámos por isso arrefecer os pneus e seguimos viagem em direção à Pampilhosa da Serra.

Uma vez chegados à Pampilhosa, a sede tinha aumentado, por isso fomos diretamente para a esplanada da churrasqueira Arco Íris, onde fizemos mais uma hidratação bem merecida. O sossego na vila contrastava com a azáfama que ainda há poucas semanas se fazia sentir, entre as festas locais de verão e a concentração de Góis. Agora quase não se via vivalma na rua.

Hidratação concluída e não perdemos muito tempo a seguir viagem. Saímos da Pampilhosa na direção de Góis, não sem antes fazer uma paragem pelo caminho para saudar o nosso camarada Pedrosa…



Curvinhas para cá, curvinhas para lá, chegámos a Góis. Mais uma vez também ali o sossego contrastava com a azáfama recente. Ainda assim a dificuldade que adivinhávamos em arranjar poiso para almoçar não se confirmou. Já sabíamos de antemão que o Silvério estava fechado, mas mesmo ao lado o Alvaro estava a funcionar e bastou apenas aguardar um pouco enquanto reidratávamos na esplanada para nos arranjarem uma mesa onde iriamos degustar um empadão, o único prato do dia que restava, mas que até nos soube bem. Fizemos por não deixar o branquinho aquecer com o calor que se fazia sentir e uma vez concluída a refeição, ala que se faz tarde.

Seguimos por Arganil, Coja e Avô, até à passagem pela Ponte das Três Entradas, onde percebemos que havia um acesso cortado que nos poderia obrigar a replanear um passo da nossa viagem mais à frente, mas na altura não pensámos mais nisso. Pensámos sim em reidratar de novo e aproveitámos para a primeira matraquilhada da volta (onde as skills de uns contrastam invariavelmente com a inépcia de outros, leia-se… eu).



A fome ainda não era muita, mas a ideia de petiscar qualquer coisa na Torre já nos piscava o olho, por isso continuámos o nosso caminho pelas estradinhas do costume, já bem conhecidas e muito apreciadas (e percorridas como sempre em ritmo animado).

O tempo na Torre também estava cinco estrelas e mais uma vez não havia quase ninguém à vista. As vantagens de se viajar em dias que não há grande movimento. Batemos umas chapas das motas, para manter a tradição e fomos ver da bola. Infelizmente na loja dos enchidos serranos explicaram-nos que naquele dia não havia e deram-nos o contacto para avisar quando formos em dias menos movimentados que possam não ter para nos prepararem uma antecipadamente. No entanto, não morremos à fome por causa disso. A bela da sandocha com presunto e queijo acompanhada a tinto foi uma alternativa mais do que satisfatória para todos.



Já “lanchados” com direito a cafezinho e licor, o que restava da viagem eram meia dúzia de quilómetros até ao poiso do final do dia em Manteigas. Também em local onde alguns já tinham pernoitado e jantado no passado, mais especificamente no hotel Vale do Zêzere. Tínhamos a hora limite das 19h para fazer o check-in, o que cumprimos com facilidade.

Percebemos que o restaurante do hotel que conhecíamos e era bastante bom, entretanto tinha fechado permanentemente, pelo que após deixarmos as burras no estábulo e nos acomodarmos nos nossos alojamentos, começamos a ver de sítio para a ceia.

Entretanto o Velasquez, um dos gajos novos mais velhos que conheço, começava a acusar a intensidade de uma lesão que trazia consigo. Como a idade não perdoa (e não tendo nós levado “El Químico” connosco nesta viagem), fizemos uma paragem técnica numa farmácia para comprar um medicamento de efeito analgésico, preferencialmente daqueles cujo efeito não fosse cortado por bebidas de teor mais alcoólico.

Constatou-se que quem é feito para andar de mota, muitas vezes não é feito para andar a pé. Era o nosso caso e isso notou-se uma vez mais na “navegação”. Se bem me recordo, alguém disse à saída do hotel que a distância prevista até ao restaurante que escolhemos era de uns 500m, já ali… o que rapidamente se constatou serem quase 2 km a subir.



Deu para ganhar apetite, que saciaríamos no restaurante Central, a comer um naco com queijo da serra e a beber um belo tintinho, que obteve uma classificação por parte do Velasquez, digna de “bom para temperar bifanas”. Ele há públicos difíceis…

Depois de jantar, constatámos o óbvio. A vida noturna em Manteigas é assim a modos que para o “limitada”. Ainda assim logo por cima do restaurante havia um bar mais ou menos jeitoso, de seu nome (pretensioso) Granittus Caffe, que fica junto à (despretensiosa) Pensão Estrela, e que teria de servir o nosso propósito.



Foi aí que optámos por beber o nosso digestivo e continuar os intensos debates sobre temas diversos, variados, polémicos e relevantes da sociedade atual, sendo que a conclusão alcançada é que a postura ideal a ter nos dias que correm sobre a maioria dos assuntos se resume a dizer… safoda.

Uma vez assente este racional, fizemos mais uma incursão até ao outro bar de nome Casa da Árvore, onde se contaram mais umas aldrabices e no qual encerraríamos a noite com uns Hendricks, antes de regressar ao hotel. Demos as graças pela abébia que o tempo nos tinha dado até então (e pelo facto de o caminho de regresso aos nossos alojamentos ser agora sempre a descer) e fomos recuperar energias para o dia seguinte.

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