domingo, maio 30, 2010

O Vício da Fama

Desde pequeno que oiço uma máxima que cada vez mais considero ser verdade: "não interessa que se fale bem ou mal, o que interessa é que se fale". Pelo menos é assim que hoje em dia uma grande maioria das pessoas rege a sua vida. Há umas semanas atrás lembro-me de ter assistido a uma reportagem televisiva sobre uma pobre coitada professora de uma terra do "enterior desquecido e ostracizado" que teve de se despir para uma revista masculina, de forma a ganhar mais uns trocos (cerca de 800 euros) para sobreviver, já que o ordenado que auferia nem chegava aos 500 euros mensais. Em consequência desse acto tinha sido impedida de continuar a dar aulas (bandidos!). Mais recentemente cruzei-me com uma outra referência a esta pobre professora, numa revista com menos nudez que a Playboy, onde a sua história era contada com mais detalhe. Parece que a dita professora sempre teve uma obsessão com a fama, que neste momento já atingiu. Actualmente, atende o telefone a dizer que "se querem que fale, paguem"! É mais uma "relações públicas" de bares e eventos sociais. Além disso tinha já sido concorrente de um reality show onde - por amor, claro - tentava conquistar um suposto ricaço que afinal não o era e... que não conhecia. Felizmente agora esta professora poderá sair da miséria em que vivia, e os seus papás até poderão deixar de ter de lhe pagar as recargas de silicone e os cerca de 300 euros mensais que gasta só em manicure todos os meses (imaginem o que alguém que ganhe mais do que o ordenado mínimo poderia gastar). Resumindo e considerando, palavras ditas, escritas (inclusivé por mim) e mal empregadas, aplicando outras palavras um pouco mais cruas, trata-se de apenas mais uma gaja boa que mostrou as mamas e não só para arranjar forma de viver o resto da vida sem fazer nada que se aproveite (acho que o facto de deixar de dar aulas não será propriamente relevante). Pessoalmente, posso dizer me estou a borrifar para estes puritanismos todos, que aplaudo todas as mulheres que tenham atributos suficientes para aparecer na Playboy, e que ainda assim esta em particular não me levou a comprar a revista...

sexta-feira, maio 14, 2010

Intolerância de Ponto

Por regra não sou "invejoso" no que diz respeito a gozo de feriados, férias e afins. Sou até da opinião que - apesar de gostar muito de ter um diazinho de descanso, e gozar todos aqueles a que tenho direito - temos feriados a mais para aquilo que produzimos, enquanto país. Bater mesmo no fundo é ter um dia como o de ontem (13/5/2010), que entre outras coisas me permite inferir o seguinte:

a. somos um país em que 90% da população faz parte da (dis)função pública
b. se a (dis)função pública não "funcionar", não há trânsito em Lisboa, o que permite aos restantes 10% funcionar muito melhor
c. só a (dis)função pública é católica, em Portugal, sendo o sector privado genericamente considerado pagão
d. apesar do catolicismo da (dis)função pública, a tolerância de ponto é apenas usada por 1% no momento de ir ver o Papa, esse carismático líder espiritual que parece retirado de um documentário sobre os nazis
e. no futuro, todas as vindas a Portugal de líderes religiosos (islamitas, judaicos, budistas, etc.) serão alvo de tolerância de ponto para a (dis)função pública
f. aqueles que por não serem parte integrante da (dis)função pública - sendo portanto pagãos - devem ser castigados com o seu "não funcionamento" (ex.: serviços, escolas, etc.)

Apetecia-me dizer que aguardo a vinda de Belzebu a Portugal, para também ter direito ao meu dia da tolerância. Inclusivamente seria um daqueles que aguardaria a sua passagem numa das artérias principais da cidade, com um cartaz a dizer algo como "Viva a Besta!" enquanto vestia uma camisola do Benfica com o número 666 nas costas. Mas infelizmente o demo já por cá anda há muito tempo... só que ainda poucos deram por ele!

Nota do autor: poderão perguntar-se sobre os vários "(dis)" que antecedem a palavra "função" no texto acima, pelo que segue a explicação: tal como a disfunção eréctil consiste na incapacidade recorrente ou constante de manter uma erecção permitindo a actividade sexual, a disfunção pública é a incapacidade recorrente ou constante de manter os serviços públicos permitindo assim qualquer actividade a nível nacional.

quinta-feira, maio 06, 2010

G'anda Novidade...

Foi esta semana notícia na revista Sábado, e consequentemente noutros canais noticiosos, o insólito caso do "furto" do deputado do PS Açores, Ricardo Rodrigues. A ocorrência teve lugar (agora até parecia um agente da autoridade...) na sequência de uma entrevista levada a cabo pela própria Sábado, no momento em que o senhor sentiu os calos apertados, e "irreflectidamente" levantou-se e... gamou os gravadores dos jornalistas. Azar dos azares, deixou ficar a filmagem do sucedido. Neste momento as duas partes andam à "batatada" nos tribunais, sendo que uns apresentaram queixa por furto, e o outro tentou uma providência cautelar para impedir a divulgação do vídeo. Acho isto tudo muito bonito, sim senhor, mas... onde raio está a novidade? Parece que é a primeira vez que vemos um político a gamar!!! Está bem que este senhor, como político, não tem grande nível... gamar gravadores é um bocado "chunga"! faltava apanhá-lo um dia destes na Praça de Espanha a vender autorádios! Por isso, exmo. sr. deputado, aprenda mas é exercer tráfico de influências, aprenda o que é a corrupção de alto nível, e mas é gamar o dinheiro de todos nós com'ós outros, !

terça-feira, maio 04, 2010

e-Paranóia

Existe hoje em dia uma fixação tão grande com o serviço de correio electrónico, que duvido até que grande parte das empresas sobrevivesse sem esta ferramenta de trabalho. Em última instância não sobreviveria à insanidade dos seus funcionários, caso se vissem despojados do seu maior entretém. Praticamente tudo é motivo para enviar um e-mail, tanto a nível de lazer como a nível profissional. Sendo que a chungaria, anedotas e pedidos para doadores de sangue e medula, perfazem o grande bolo da informação trocada por esta via, outros que a utilizam para comunicar a nível profissional... muitas vezes mal. Vejo diariamente pessoas que estão a meia dúzia de metros umas das outras, trocarem informação entre si por e-mail. Ao que parece, o e-mail serve também como uma espécie de prova forense de que se fez ou mandou fazer algo. Em última instância é a forma de apurar responsabilidades ("ah e tal... mas eu enviei-te um e-mail..."). Eu próprio vivo diariamente com esta (triste) realidade. Veja-se precisamente o meu caso: estive recentemente em casa, de licença, por um período de 4 semanas. Apesar dos telefonemas frequentes, evitei recorrer ao acesso remoto para resolver aquilo que fosse. O resultado prático disto foi o que se na imagem: em apenas 20 dias úteis, recebi um total de 848 e-mails (sim, viram bem, OITOCENTOS E QUARENTA E OITO), e posso-vos dizer que nenhum deles tinha anedotas ou chungaria. Isto quer dizer que durante esses 20 dias úteis, mesmo com o célebre "out of office" activo, recebi uma média de 42 e-mails por dia! que encarar estas coisas com a importância que merecem, como tal, na maioria dos casos optei por apagar as mensagens, de acordo com este meu princípio fundamental: se for muito importante, ligam ou voltam a enviar e-mail...