quarta-feira, janeiro 30, 2008

Onde é Que Vou Deixar Isto?

Em pouco mais de duas semanas tive necessidade de vir em alguns dias de carro para o trabalho. Para quem não tem estacionamento reservado e trabalha em Lisboa, tal facto pode ser um problema. Lá tive de ir comprar "raspadinhas" da EMEL para me desenrascar. No entanto e apesar dos meus esforços, não consegui escapar à perseguição dos ex-feijões verde, agora feijões frade (alusão às cores dos uniformes do pessoal da EMEL). Num primeiro episódio, e no final de uma manhã inteira de estacionamento pago, por apenas um quarto de hora, ao chegar ao carro para deixar lá mais uns papelitos, encontrei uma das referidas abéculas a deixar-me o envelope da praxe. Provei-lhe que ía fazer novo pagamento mas de nada adiantou, respondendo: "agora já não precisa de pagar". Imaginei a cabeça do espécime a ser consecutivamente comprimida pela porta do meu carro... Como ainda não tinha "cadastro emeliano" a coisa ficou-se por 5 euros (o que sai mais barato que um dia de estacionamento). Num segundo episódio, no final de um dia inteiro de estacionamento pago, chego ao carro e o mesmo está bloqueado. Ao que parece a parte traseira da viatura estava numa zona de cargas e descargas, de nada valendo nestes casos o pagamento de parquímetro. Como vi uma carrinha com bloqueadores dirigi-me ao funcionário. O mesmo disse que não podia proceder ao desbloqueamento, porque ele só tratava dos veículos bloqueados por falta de pagamento. Para veículos bloqueados por infracção no estacionamento eram outros colegas (!!!). Poderia este país ser ainda mais burocrata? Lá foi feita a chamada e lá se desbloqueou o carro pela módica quantia de 30 euros. Espero sinceramente deixar de precisar de trazer o carro o mais rapidamente possível, porque senão estou tentado a comprar um singelo lugar de parqueamento em frente ao meu trabalho. Diz que é baratinho... custa apenas 20000 euros!

terça-feira, janeiro 29, 2008

Ubuntu Para Humanos

Linux for humans, they say. A bit of bullshit, I answer. Quer dizer, na prática e apesar dos problemas em particular que enfrentei (e enfrento ainda) com a minha placa wireless, com a configuração de rede sem fios "picuínhas" e com mais umas quantas particularidades, confesso que estou fã. Já tinha visto e experimentado anteriormente, mas a necessidade levou-me finalmente a mudar de distros RedHat e seus derivados (Fedoras e afins) para o Ubuntu... e é mesmo muito bom! Para quem gosta de ter algumas "paneleirices" no desktop, também têm aqui uma boa solução. A diferença deste sistema operativo para plataformas Microsoft, é que aquilo que está por baixo também funciona bem. Quem me conhece profissionalmente sabe que não sou fundamentalista, por isso esta é uma opinião isenta. Recomendo este sistema operativo a quem quer que pretenda poupar uns trocos ou evitar pirataria, porque não é preciso ser nenhum crânio da informática (muito pelo contrário) para montar um sistema completamente funcional, de fácil actualização e com alguns extras bem giros (para quem gosta de MacOS X, aconselho experimentarem este também). E quem é que não gosta de ter um cubo 3D como desktop?

domingo, janeiro 27, 2008

Estado Sólido para Gasoso

Estado gasoso é a melhor forma que encontro para descrever o dinheiro que gastei nos últimos tempos. Evaporou-se completamente! O mote foi a transferência de crédito habitação de um banco para outro. Aquilo que à partida é dado como simples, fácil e económico por qualquer banco, revela-se uma dor de cabeça para o comum dos mortais (leia-se, neste caso, eu). Primeiro foram pequenos gastos (30 euros daqui, mais 30 euros dali) com pedidos de declarações e certidões, de e para conservatórias e afins. Depois foram as "despesas" e "cobranças" do banco de origem, como 150 euros por um papel que diz quanto devo, mais 120 euros pela comparência de um representante no dia da escritura ("mas olhe que nós somos dos bancos que cobram menos por estas despesas")... Depois foram mais de 200 euros para a solicitadora... Depois foram mais de 300 euros pela escritura... e no fim levei a machadada final com mais de 800 euros com despesas de transferência no banco de destino. Feitas as contas, gastei quase 2000 "biscas" enquanto o diabo esfrega um olho. O que quer dizer que neste momento, além de completamente falido, estou consciente de que só vou ver algum "retorno" neste "investimento" daqui a um ou dois anos de prestações. Quem estiver com a infeliz ideia de fazer o mesmo que eu, verifique bem naquilo em que se está a meter, porque em alguns dos casos que tenho visto, eu pessoalmente pensava duas vezes.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Acontece, Sem Grande Explicação

Durante a tarde de hoje, mais concretamente entre 15h30 e as 18h00, não houve multibanco para ninguém. Isto é o que se disse na comunicação social, porque a verdade é que não houve SIBS para ninguém, o que para quem percebe do que estou a falar, significa que não só não houve multibanco, como não houve homebanking nem outro tipo de acesso para ninguém (pelo menos em tempo real). Até aqui nada é novidade, até porque não foi a primeira nem será a última vez que esta entidade que funciona como "porta" para chegarmos ao nosso dinheiro, tem este tipo de problema. Não deixa no entanto de ser preocupante percebermos a vulnerabilidade e dependência que temos perante instituições para as quais somos apenas mais um número. Mas no meio disto tudo, o que ainda é mais assustador, é que alguém supostamente responsável e na posição de porta-voz da referida instituição, veio dizer a público que "foi uma pequena falha técnica, de âmbito nacional", que "às vezes acontece sem grande explicação". Não sei o que me deixa mais abismado: se a contradição entre o "pequena falha" e o "âmbito nacional", se a certeza e segurança com que se diz que o motivo de tal falha foi... "sem grande explicação". Com profissionais destes a tomar conta do nosso dinheiro vou dormir muito mais descansado. Ou será melhor voltar ao antigamente e começar a guardar umas notas debaixo do colchão? Tenho de pensar melhor nisto...

sábado, janeiro 19, 2008

Pequenas Coisas

Num daqueles momentos em que nos sentamos para apreciar o que está à nossa volta, nem que seja apenas o conforto de um sofá ou simplesmente o escutar de uma música que se gosta, conseguimos muitas vezes pensar e ver as coisas com mais clareza. Num desses momentos dei por mim a pensar no quanto as coisas pequenas da nossa vida ditam o resultado daquilo que os americanos gostam de chamar "big picture". Olhando para a minha "big picture", vejo como essas pequenas coisas deram origem a grandes acontecimentos. Vejo como uma opção profissional há cinco anos atrás me fez percorrer um caminho fundamental para a minha formação como pessoa. Vejo como próximo dessa mesma altura, pequenas coisas que não estavam bem levaram a um grande desgosto que me fez mudar (julgo que para melhor) emocionalmente. Vejo como logo a seguir aquilo que parecia uma brincadeira me fez cair de pára-quedas na vida de alguém para mim muito importante. Vejo como pequenas coisas que nos incomodam na rotina diária são motivadoras para nos fazer enveredar por caminhos diferentes, sem saber se a mudança é para melhor ou não. No fundo, a incerteza faz-nos bem... faz-nos não dar nada por garantido... faz-nos tentar ser melhores. Acho que no meio disto tudo, são estas reviravoltas que alimentam a necessidade de mudança inerente à condição humana. Resta-me sentir feliz pelo que fiz, pelo que faço, e pelo que desejo fazer. Nunca me arrependi de nada que tenha feito e espero que assim continue. Agradeço tudo o que tenho e possa vir a ter, e espero ser sempre parte dos pequenos pormenores dos grandes acontecimentos da vida de outros, porque andarmos por cá só para olhar para o nosso umbigo não vale mesmo nada a pena...

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Alvos a Abater

Sei que nada disto que vou aqui escrever é novidade para ninguém, mas nunca deixo de me espantar com a disparidade do que é realmente importante para algumas pessoas. Ainda ontem numa rara ocasião em que consegui ver o jornal da noite enquanto jantava, assisti a uma cambada de adeptos dessa potência futebolística que é o Belenentes F. C. a cometer agressões físicas e verbais a um responsável do clube, por más decisões tomadas relacionadas com a gestão da equipa. Não pude deixar de pensar comigo próprio, que se eu fosse um daqueles gajos com predisposição para andar à porrada, conseguiria imaginar um rol interminável de alvos importantes antes de chegar a dirigentes desportivos. Assim daqueles que... a modos que... afectam realmente a nossa vida, por exemplo. A meu ver e sem qualquer tipo de demagogia, a violência não leva efectivamente a lado nenhum (apesar de por vezes parecer que nos faria sentir melhor, se aplicada). Mas reafirmo que, só na área da política por exemplo, me ocorrem inúmeras caras mais apetecíveis de serem reformuladas esteticamente à força de pancada. Mas o "povão" é assim, e enquanto houver cromos que possam ir levando uns calduços, está tudo bem. Uma coisa garanto: posso não conseguir fazer muito para mudar o que me parece errado, mas certamente não vou descarregar frustrações à pancada a quem pouco ou nada afecta a minha vida. Prefiro, por exemplo, desabafar num blog! Citando um amigo... haja juízo!

terça-feira, janeiro 08, 2008

O Transporte Cosmopolita

O pensamento que mais frequentemente me ocorre todos os dias de manhã e ao final da noite, quando vou trabalhar ou regresso a casa no 45 (ou no 83) é: quem me dera que este gajo ao meu lado tivesse tomado banho. De todos os transportes que sempre utilizei com alguma frequência, a Carris consegue ser o meio mais merdoso de todos. Para além dos autocarros mais velhos que eu, fabricados para países nórdicos e em fracas condições de manutenção, temos sempre direito a ter uma aventesma ao lado com uma qualquer característica ainda mais desagradável. Uma das minhas preferidas é, quando logo pela manhã, vem um gajo bêbado a tresandar a vinhaça no raio do autocarro. Volta e meia um destes malucos entende que queremos conversar com ele e estabelece um monólogo capaz de perdurar até ao nosso destino final. É de evitar proximidade com este tipo de espécime, assim como qualquer contacto visual directo (pode dar a entender que estamos realmente interessados na conversa). Outra personagem tipo clássica é aquela criatura que consegue ir a viagem toda ao telemóvel, em altos berros, o que é particularmente agradável pela manhã quando ainda estamos meio a dormir, e quando se trata de uma algaraviada em crioulo ou num qualquer idioma de leste. É enfim, um transporte verdadeiramente cosmopolita. Até andava a considerar começar a ir de carro, mas agora que penso bem nisso... acho que vou renovar o passe. A ver se encontro uns tampões para os ouvidos e já agora outros para as narinas, que o MP3 não consegue abafar o ruído, nem tão pouco disfarçar o cheiro.

domingo, janeiro 06, 2008

Arranque Cinematográfico

Desde o início do ano fui ao cinema assistir a dois filmes. O primeiro foi de produção nacional, com o sugestivo título de "Call Girl", e o ainda mais sugestivo cartaz com a Soraia Chaves vestida em latex. O filme é realmente bom. A mim surpreendeu-me, relativamente às baixas expectativas que tinha. Tem um argumento capaz de ombrear com qualquer produção policial de Hollywood e um elenco bastante interessante. Ponto fraco: tentaram (e quanto a mim conseguiram) bater todos os recordes da asneirada. Não houve uma única personagem que não mandasse umas 20 ou 30 "caralhadas" pelo menos, e a média deve ter rondado uns 9 palavrões em cada 10 palavras. Ainda assim e apesar destes "diálogos" algo cansativos, o balanço é positivo. O segundo filme foi aquilo que gosto de chamar "muita parra pouca uva". Com o título forte de "Peões em Jogo" (ou "Lions for Lambs") e com um elenco promissor que inclui nomes como Robert Redfrod, Meryl Streep e Tom Cruise, pouco ou nada corresponde às expectativas. Uma crítica batida à sociedade norte-americana, desenrolada em três cenários (dois escritórios e um cume cheio de neve), com muita monotonia e pouca novidade. Ficou o arrependimento de não ter ido ver o "Gangster Americano", mas nada que não possa ainda ser feito. Moral da história: vale mais ver gajas boas meio despidas a dizer asneiras daquelas "com pelos", do que meia dúzia de "américas" politicamente correctos mas capazes de nos fazer dormir durante duas horas.