sexta-feira, junho 29, 2007

O Papel... Qual Papel?

Hoje fui matar saudades à loja do cidadão. Sim, escrevo cidadão com letra pequenina porque é isso que um cidadão que lá vá, é, ou pelo menos é assim que se sente. Objectivo do dia: cancelar a matrícula de um carro que já não possuo há mais de cinco anos, e que descobri agora ser ainda proprietário segundo informação das finanças. A novela começou há uns dias precisamente numa repartição de finanças, onde após retirar uma senha e aguardar pacientemente a minha vez para ser atendido, obtive uma resposta de 4 palavras como solução para o meu problema: "conservatória do registo automóvel", retorquiu a abécula virando de imediato as costas, após eu contar a minha história de contornos altamente elaborados. Lá saí eu cabisbaixo, mas determinado a resolver o problema. Hoje fui com um novo ânimo ao Registo Automóvel na Loja do Cidadão. Aí retirei a senha "A", relativa a registos automóveis, uma vez que era o que desejava tratar. Após aguardar a minha vez, fui atendido e contei novamente a história do carro. A senhora respondeu que para isso deveria mandar apreender o carro, e que para tal deveria retirar a senha B. Retirei a senha B, aguardei novamente o atendimento e contei novamente a história. A senhora disse que poderia tentar cancelar o registo, mas que ali só poderiam entregar um "parecer" que eu depois deveria levar à DGV. Subi um andar. Retirei a senha para compra de impressos na DGV, e aguardei pacientemente que as duas senhoras que estavam a entrar/sair de serviço colocassem a conversa em dia, até me atenderem. Consegui comprar um impresso, trocando umas escassas 2 ou 3 palavras com a aventesma, sem direito a um "boa tarde" sequer. Após a compra e respectivo preenchimento do impresso, retirei a outra senha do atendimento geral e aguardei pacientemente outra vez, enquanto era acotovelado por duzentas pessoas que por ali passavam, sem meio metro quadrado onde pudesse estar de pé. Passados 70 números, finalmente chegou a minha vez. Após contar a história toda novamente, a senhora pergunta-me se não tinha os documentos do carro (sempre pensei que fazia parte da venda, a entrega dos documentos...) ou se sabia o nome da sucata para onde tinha ido (o destino mais provável foi o abate). Como não sabia nenhum destes preciosos dados, tive de preencher um outro formulário onde justificava, implorando por amor de Deus, que me permitissem cancelar o maldito registo. No final pede-me fotocópia do BI e do contribuinte... que escusado será dizer, a aventesma anterior não me indicou ser necessário. Lá me recambiaram para o Atendimento Geral da Loja do Cidadão, para pagar 45 cêntimos por 2 fotocópias, após retirar senha e aguardar novamente (estava com algum receio que fosse necessário entregar cópia do BI, para pedir uma cópia do BI). Já na posse dos documentos, regressei à DGV, onde os entreguei. Perguntei se receberia alguma confirmação do cancelamento do registo. A resposta foi que "SE" o registo fosse cancelado, seria só daqui a uns 3 meses, e que teria eu de me informar porque ninguém me diria nada. Caso não fosse cancelado, teria de me dirigir à Conservatória do Registo Automóvel para perguntar: "porquê?". Posso garantir que nesse aspecto estou adiantado, e mesmo hoje já me pergunto: "Porquê? Meu Deus... Porquê?".

terça-feira, junho 26, 2007

História de Um Forreta

Para quem tem dúvidas relativamente ao título deste post, sim, o forreta sou eu. Passo a explicar. Passei ontem pela FNAC, porque tinha um vale de 5 euros para utilizar na compra de um CD ou DVD. Como algumas das minhas últimas aquisições foram os CDs Alma Mater e Cinema, do Rodrigo Leão, lembrei-me de comprar Mundo, o seu último trabalho. Quando agarrei no CD, que custava 16,50 euros, vi em simultâneo um outro trabalho mais antigo, de título Pasión, que ainda não tinha, e era substancialmente mais baratinho (só custava 11,50 euros). Fiz rapidamente contas de cabeça e pensei: "se comprar este, com o desconto, ainda fica a 6,50... é mesmo isto que vou fazer". E lá avancei eu decidido, deixando para trás o CD (duplo!!!) mais recente, mas com a certeza de que tinha feito uma boa compra na mesma, substancialmente mais económica. Chego à caixa para pagar, e saco do cartãozinho da FNAC, do meu vale de 5 euros mais 6,50 trocadinhos. O caramelo de colete verde às riscas olha para mim e diz: "o vale de desconto só é utilizável em CDs de valor superior a 14,50 euros". Parece que nas costas do papelinho vinham as "contra-indicações" do desconto, que eu obviamente não li. Resultado final, paguei 11,50 euros, tal como pagaria se tivesse comprado o CD mais recente onde podia ter aplicado o vale de desconto...

Zé Manel Berardo

Alguns dos acontecimentos que vão tendo lugar na actualidade, por vezes despertam-me a atenção por obedecerem a padrões observáveis cuja origem é para mim desconhecida. Uma destas situações prende-se com a notoriedade exagerada que tem tido nos últimos tempos um senhor de nome José Manuel Berardo (Joe para os inimigos). Para além de toda a especulação financeira que resolveu provocar em torno das acções da SAD do Benfica, para além de insultar publicamente figuras que são alvo da simpatia popular (só porque segundo ele tem um "background" da África do Sul), retomou uma polémica há algum tempo abandonada no que concerne a sua colecção de arte privada (que teima em expor no CCB). Na sequência deste "voltar às armas", noticiam os diários de hoje que, para além de exigir a demissão de Mega Ferreira do Conselho de Fundadores da Fundação Berardo, exige também a sua demissão da presidência do CCB, dizendo que "ele não é dono do CCB". Se eu fosse o Mega Ferreira, provavelmente a minha resposta a estas declarações seria "ele também não", mas isto sou só eu. E já agora, para alguém que teima com tanta insistência em dizer barbaridades em público, talvez não fosse má ideia aprender a falar português, já que é a sua nacionalidade. A título de exemplo: em entrevista, referindo-se a Mega Ferreira, disse que "se ele não estiver contente com o lugar dele, que arranje outro lugar". Ora sobre esta "piquena" frase, importa referir que para já o "ele" poderia educadamente ser substituído pelo nome do senhor. Depois, usar o "ele" e o "dele" na mesma frase, não dá grande sonoridade à coisa. Por último, utilizar "lugar" duas vezes no meio de tão poucas palavras, também não revela grandes conhecimentos linguísticos. Mas enfim, são coisas que o "background" da África do Sul faz às pessoas... ou não.

sexta-feira, junho 22, 2007

Apta Para Exercício de Funções

Era uma vez uma professora de 63 anos, com leucemia. Esta professora, tal como todas as pessoas, precisava de dinheiro para sobreviver, mas não conseguia trabalhar em virtude da sua doença. Este não foi o parecer da junta médica da Caixa Geral de Aposentações, que considerou a senhora "apta para o exercício de funções", em oposição ao parecer da junta médica da Direcção Regional de Educação do Centro. Durante 31 dias esta professora deu aulas com vómitos, diarreia, febre e náuseas constantes.

Era uma vez um senhor chamado Alberto Martins. Este senhor ocupava o cargo de "líder parlamentar" de um partido chamado PS. A história da professora doente foi analisada por este senhor, e foi alvo de um discurso que dizia entre outras coisas que "temos de ver se se justifica legislar sobre esta matéria", e que "vamos ver o que se passa".

Era uma vez um processo segundo o qual acabou por ser concedida a aposentação a Manuela Estanqueiro, professora com 33 anos de serviço, a sofrer de leucemia, uma semana antes de morrer no hospital.
Alguém tem outro nome que não "Filhos de Uma Grande Puta" a todos os intervenientes no processo de tornar os últimos dias da vida de alguém num verdadeiro inferno? Alguém tem dúvidas relativamente ao facto de Portugal (ainda que por outros motivos) ser condenado pelo tribunal europeu por violação dos direitos humanos?

quinta-feira, junho 21, 2007

Estudo Sobre o Estudo

Nos últimos tempos, de forma bastante irritante, insistente e enervante, temos sido bombardeados pela comunicação social com notícias sobre estudos referentes a um novo aeroporto. Alguns destes estudos apontam que a OTA é o caminho certo. Outros apontam Alcochete como o local mais indicado. Outros apontam como a solução mais viável manter o actual aeroporto e construir um segundo algures. Outros ainda afirmam que o mais correcto é não fazer nada. Eu, na qualidade de quem já realizou estudos e análises comparativas ainda que sobre outras matérias, tenho uma coisa a dizer sobre o conceito de "estudo". Normalmente ninguém toma a iniciativa para o fazer, vinda do nada. Existe sempre um elemento motivador. Esse elemento motivador, quer seja de quem realiza o estudo, ou de quem o patrocina é, será sempre e em que circunstâncias for, um factor determinante para o resultado do mesmo. O próprio facto de se realizar um estudo sobre o local A ou B, acaba por limitar esse estudo a uma resposta condicionada (entre A ou B) quando na realidade a melhor resposta poderia ser C (ou será que existe sequer uma resposta certa?). Portanto, qualquer estudo que seja apresentado será sempre falacioso, por não ser isento nem ter condições para o ser. Desta forma, agradecia que deixassem de nos bombardear com os montes de areia que nos atiram para os olhos. Já percebemos que independentemente das diversas opiniões existentes e das diversas justificações que possam ser apresentadas, a escolha já foi feita há muito tempo. Já percebemos que, a mudar essa mesma escolha, será apenas por algum factor económico que surja do nada, benéfico para alguém que não eu ou qualquer outro contribuinte. Já percebemos que existem muitas empresas de estudos com amigos de amigos de amigos que precisam de ganhar milhões para dizer o que lhes pagam para dizer. Passem à frente, "faxavor"... Neste caso particular, prefiro que sejam menos "estudiosos".

segunda-feira, junho 18, 2007

O Homem do Bosque

Graças a uns bilhete de borla, à borlix, daqueles mesmo grátis, ganhos pelo meu Pai, a noite de ontem, véspera de dia de trabalho, foi preenchida por uma sessão de cinema no velhinho King. Como hoje em dia vou poucas vezes a cinemas "não-franchisados" do género Lusomundo, sempre que o faço o filme tem um sabor diferente. Já para não falar que a possibilidade de ter um grupo de putos parvos à nossa frente a atirar pipocas e às gargalhadas é muito mais reduzida... Para além disso a "onda" da película de ontem era já um pouco alternativa, como tal a expectativa existia. Conhecia pouco mais do que o título da obra original de D.H. Lawrence, mas o resultado final desta adaptação foi muito bom. Uma história e uma realização diferentes do que estamos habituados, para nos lembrar que nem tudo tem de ser igual ou obedecer a critérios fixos para ser bom ou pelo menos despertar o interesse. "Lady Chatterley" são três horas de filme com ritmos completamente diferentes desde que começa até que acaba, onde os ingredientes principais são a paixão carnal e o erotismo, inseridos da sociedade dos anos 20. Segundo me foi dito também, o próprio livro esteve durante muitos anos proibido quando foi editado originalmente, o que claramente é daquele tipo de publicidade que não se paga (pelo menos na altura). Enfim, para quem tiver a mente aberta e estiver disposto a ver um "não-blockbuster" durante 3 horas sem intervalo, recomendo.

quinta-feira, junho 14, 2007

Justiça Cremosa

Eu tentei, mas sinceramente não consigo não escrever sobre isto. Desde ontem quando ouvi esta notícia no telejornal, até hoje de manhã no programa do Pedro Ribeiro na comercial, os factos de contornos obscuros que contornam esta notícia, não deixam de me espantar. Estamos sempre a ouvir histórias destas, mas de tão inacreditáveis que são acabam por ficar registadas na nossa memória como uma espécie de mito urbano. O caso que agora relato: uma senhora de 76 anos que, em 1999 se não estou em erro, foi acusada formalmente pelo ministério público, pelo crime de roubar um creme facial no LIDL. Decorridos 8 anos de processo judicial, eis senão quando o próprio ministério público, através de um advogado oficioso nomeado para a senhora, pede a absolvição. Parece que afinal segundo o vídeo de segurança do estabelecimento, e talvez pelo facto de a senhora ter um talão que comprova a compra do produto, com a respectiva data e hora, tem algo a ver com isso. Agora, caros leitores, maravilhem-se com o preço deste fantástico produto: 3,99 Eur. Portanto, andamos (portugueses) a pagar um processo judicial com uma carrada de anos em cima por 3,99 Eur. É caso para tal qual Zézé Camarinha dizer: "put'a'cream, baby!"

quarta-feira, junho 13, 2007

Pito Dourado

Sim, "Pito" e não "Apito". Para quem não sabe, pito dourado é o que as prostitutas e alternadeiras do norte do país devem ter. Em primeiro lugar, porque uma delas (escolham vocês a categoria das acima mencionadas) consegue deitar abaixo o Al Capone do futebol português com a escrita de um caderno diário publicado como livro, facto inédito até ontem em Portugal. Em segundo porque até os árbitros de futebol querem dar uma dentadinha na "fruta para dormir". Amigos, se é para dormir tomem um frasco inteiro de comprimidos e deitem-se, que causa menos estrago. O mais engraçado é que tudo isto é o menos anormal de toda esta situação. Mais anormal que isso é o Ministério Público andar a toque de caixa da escrita de uma alternadeira, no que concerne os processos que abre/reabre em termos de investigação. Mais anormal que isso é decidir-se fazer um filme sobre um livro (que confesso ainda não ter lido, nem ter planos para tal) que é já antecipado pela crítica como o trabalho cinematográfico nacional que mais público reunirá. Até já estão escolhidos os actores e tudo! Nicolau Breyner como Pinto da Costa, Margarida Vila-Qualquer-Coisa (nunca me lembro do raio do apelido da moça) como Carolina Salgado entre outros. Será que a Margarida mostra o pito no filme? Enfim... mesmo que mostre, certamente não será dourado!

sexta-feira, junho 08, 2007

Histórias de um Provecto Ancião

Cristiano Ronaldo arranjou quem lhe escrevesse uma biografia. Segundo o Diário de Notícias, parece que a coisa se chama "Momentos", e foi traduzida para inglês com o título "Moments, The Way I Feel". A minha primeira dúvida existêncial quanto a esta notícia foi: "o que será que alguém com aproximadamente 20 anos de vida tem para contar, que justifique escrever um livro?". Por outro lado talvez ele esteja a pensar fazer a coisa em episódios ou séries para facilitar a leitura. Ainda não tive oportunidade de ver a obra, mas acho que vou esperar para quando daqui a uns anos editarem a "série completa", em vez de comprar às meias dúzias de páginas. A primeira provavelmente tem o seguinte texto: "era uma vez eu... nasci... comecei a jogar à bola... estou cheio de guita... papei a Merche... tenho uma irmã que não sabe cantar mas insiste...". Gosto muito de ver o Cristiano Ronaldo jogar, mas esta da biografia é caso para dizer: "não havia necessidade". Aguardam-se desenvolvimentos da história nos próximos fascículos.

quarta-feira, junho 06, 2007

Pequenas Diferenças

Na minha ronda matinal pelos jornais diários li o título de duas notícias na mesma página, daqueles que fazem click no nosso cérebro. Uma dizia "Governo Vai Estudar Iniciativas para Internet nas Empresas". Outra dizia "China: Utilizadores de Banda Larga São Quase 100 Milhões". Se relacionarmos estas duas notícias podemos dizer que enquanto portugal anda a pensar na possibilidade de as empresas terem acesso à Internet de forma mais generalizada, na China onde supostamente a malta só tem (ou tinha) dinheiro para comer arroz, já existem 100 milhões com acesso. Espectacular. Ainda na mesma página, outra notícia referia que "Governo Apresenta Programa de Computadores de Baixo Custo", o que ao contrário do que o vago título indica, quer dizer que formandos do programa Novas Oportunidades, alunos (que serão divididos em escalões) e alguns organismos terão no futuro (próximo ou não) computadores e acesso à Internet a um preço desconhecido até ao momento, através de um acordo firmado com a Microsoft e os operadores nacionais de comunicações móveis (tudo malta pouco interessada em ganhar dinheiro). A minha questão é: com estes "patrocinadores" e com o nível de incerteza quanto ao prazo e condições do referido programa, vai ser apresentado hoje porquê? Epá... lembrei-me agora que com este tipo de comentário ainda posso ser "reconduzido" do cargo que ocupo, à imagem e semelhança do pessoal da DREN. Tenho de ver se o meu cargo também pode ser classificado como "de confiança política". É verdade, já alguém se lembrou de um nome para quem impõe estas medidas de coacção em nome do estado? Qualquer coisa tipo NPIDE (Nova PIDE)...